A cada 14 anos, em média, palavras entram e saem de moda

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Se escrever é uma parte central de sua profissão, ou mesmo se você é um vestibulando que passa algum tempo por dia treinando dissertações, é provável que você tenha criado algum apreço por determinadas palavras e não vá tanto assim com a cara de outras. Acontece que às vezes o bode é coletivo.

É quase um consenso, por exemplo, que a palavra “cidadania” foi tão banalizada que é melhor evitá-la. Que já não dá mais para chamar “experiências” de “vivências”. E que “icônico”, “genial” e “notável” já estão no caminho do tédio. Só não chegue ao extremo deste repórter, que admite ter um grande carinho por acentos circunflexos, e não nega forjar, com frequência, frases na terceira pessoa do plural só para “ele tem” se tornar “eles têm”.

Mas antes que você, notável pessoa de vivências cidadãs, saia desta matéria afirmando que seu gosto icônico não se discute (faltou algum clichê?), é melhor ficar sabendo: os cientistas Marcelo A. Montemurro e Damián H. Zanette descobriram que o fenômeno descrito acima é, na verdade, social. E que nós tiramos palavras desgastadas de circulação em ciclos de aproximadamente 14 anos em várias das principais línguas da europa, como inglês, espanhol, russo, italiano, alemão e francês. Os resultados estão disponíveis em um artigo publicado no período científico Palgrave Communications.

Essas ondas de sucesso e declínio foram resultado da análise de 4,5 milhões (!?) de livros escritos nos últimos 308 anos. Todas as obras estavam disponíveis para consulta através de uma plataforma pública do Google chamada Ngram Viewer, que você mesmo pode usar para assistir à ascenção e queda de suas palavras favoritas.

Embora no último século a “vida útil” média de uma palavra tenha subido um ou dois anos, não há uma explicação óbvia para a duração dos ciclos. “Isso não se encaixa na história da vida humana” afirmou o pesquisador Mark Pagel, especialista em padrõeslinguísticos, à New Scientist. “Não há nenhuma razão particular para que sejam 14 anos. É fascinante procurar por fatores culturais que possam afetar isso, mas mesmo variações aleatórias têm certa periodicidade.”

A dupla responsável pela análise, porém, acha difícil ser cético com uma amostra tão grande e uma variação improvável tão recorrente — e que novas análises pode revelar muito sobre como o ser humano lida com tendências e modas. Bem, que nomes de bebês são influenciados pela história e a sociedade, nós já sabemos. O que o mundo não será capaz de fazer com as palavras comuns? É continuar escrevendo para ver.

Fonte – texto: Revista Galileu

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